Concílio Vaticano II – Igreja e Catequese
1. A renovação da catequese.
Em pleno 2012, 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, ainda
estamos presos a uma catequese em função dos sacramentos da Eucaristia e
da Confirmação. Está muito difícil para as famílias, as paróquias e os
catequistas colocar a prioridade na evangelização, isto é, no encontro
pessoal intransferível com Jesus Cristo, na conversão, no assumir a fé
batismal e as conseqüências que dela decorrem. O mais importante não é
preparar para receber Sacramentos, o que não deixa de ser necessário,
mas preparar as pessoas para a vida cristã, o seguimento de Jesus Cristo
como discípulos missionários. Ora, sem esta prioridade das prioridades,
a opção pessoal por Jesus Cristo e seu Evangelho, e sem o assumir para
valer a vida cristã, Igreja e Sacramentos ficam profundamente
prejudicados no processo catequético e na própria vida do fiel.
2. Impulsos conciliares para a renovação da Catequese.
Lúmen Gentium, e todo o desenvolvimento pós-concilar sobre Igreja,
abriram novas perspectivas para a renovação do conceito e da prática da
catequese. Em destaque os dois Diretórios Catequéticos: a) Diretório
Catequético Geral (DCG) de 1971 e b) o Diretório Geral para a Catequese
(DGC) de 1997. Mas também são importantes: a Exortação Apostólica
pós-sinodal, de Paulo VI, Evangelii Nuntiandi (A evangelização no mundo
contemporâneo), de 1975, e a Exortação Apostólica pós-sinodal, de João
Paulo II, Catechesi Tradendae (A catequese hoje), de 1979 e o Catecismo
da Igreja Católica (1992/1997). A estes se acrescentam, no caso do
Brasil, os Documentos da CNBB Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo
(1983) e o Diretório Nacional de Catequese (DNC), de 2006, e o Estudo
97 Iniciação à Vida Cristã, de 2009. Todos são documentos obrigatórios
para quem quiser falar de catequese pós-conciliar com algum conhecimento
de causa.
3. A eclesiologia na dinâmica da catequese. Não
se compreende catequese sem as grandes linhas orientadoras da Lumen
Gentium que exigem, na prática, a experiência de comunidade eclesial,
com forte marca de comunhão e participação, a experiência de ser membro
da comunidade de Jesus Cristo e do povo de Deus, de vivência da
prioridade da Palavra de Deus na vida do cristão e da comunidade, e de
um sentido profundo e envolvente de oração, celebração e liturgia. Mas o
processo catequético fica incompleto sem a atitude essencial do amor,
do serviço e da abertura ao chamado de Deus para viver conforme sua
santa vontade e sem a generosidade da resposta crescente a esta chamado,
o que implica caminhar na santidade de vida. Nesta dinâmica situa-se a
vida cristã como vocação e nela as diversas e complementares vocações no
povo de Deus. E, evidentemente, Maria deve ser assumida na catequese,
muito mais do que pelo devocionismo que nem sempre leva a Jesus, mas
pela imitação de sua entrega plena e generosa à vontade de Deus, de seu
apresentar-nos e levar-nos a Jesus e de fazer o que ele nos pede. Mas
não há catequese autêntica sem uma compreensão verdadeira de Plano
Salvífico e de Reino de Deus, Reino a ser construído no dia-a-dia desta
vida e na ação transformadora no mundo, Reino que será realizado
plenamente no vida eterna feliz, aspiração permanente e crescente de
todo discípulo missionário de Jesus, em seu compromisso com a missão de
evangelizar e salvar.