domingo, 29 de julho de 2012

Formação de Catequistas 


“O fruto da evangelização e catequese é o fazer discípulos: acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé” (DNC, 34).
O seguidor de Jesus Cristo tem consciência de que anunciar o Evangelho é de vital importância para tornar conhecida a Boa Nova do Reino de Deus. O catequista, educador da fé, tem a oportunidade e o dever de aprofundar a catequese na missão evangelizadora da Igreja, primando pela sua formação.

Nossa catequese hoje é vista sob o olhar do dinamismo evangelizador da Igreja, tendo presente a conferência de Aparecida e antevendo desde já o próximo sínodo, que acontecerá em outubro e convida a Igreja a refletir sobre o problema da transmissão da fé hoje. Também as Diretrizes Gerais da CNBB (2011-2015) e todo o trabalho missionário realizado na Igreja do Brasil. Neste sentido, necessitamos com urgência fazer com que a nossa catequese seja sempre mais missionária e preocupada com a formação dos seus discípulos.

A realidade das pessoas é marcada por grandes interrogações e sempre procuramos o sentido da vida. Muitas perguntas existenciais que ouvimos no quotidiano são um ponto de partida a ser levado em conta por aqueles que trabalham na animação bíblica e na catequese. A busca de Deus na história da humanidade se enraíza nas perguntas que as pessoas fazem quando se inquietam sobre a vida, o mundo (DAp, 37). A fé cristã nos faz reconhecer um propósito na existência: não somos frutos do acaso, fazemos parte de uma história que se desenrola sob o olhar amoroso de Deus Salvador.

Há vários meios pelos quais Deus continua hoje a se manifestar às pessoas; a catequese é um ambiente propício para este encontro. A Catequese atualiza a revelação acontecida no passado. O catequista experimenta a Palavra de Deus em sua boca, na medida em que, servindo-se da Sagrada Escritura e dos ensinamentos da Igreja, vivendo e testemunhando sua fé dentro da comunidade, transmite para seus irmãos esta profunda experiência de Deus.

O catequista é um discípulo missionário, pois faz ecoar a Palavra de Deus na comunidade, tornando-a compreensível. Ao mesmo tempo procura testemunhar o que ele mesmo anuncia.
Toda a ação da Igreja é evangelizadora: tudo o que a Igreja é e faz anuncia Jesus ao mundo. A catequese coloca-se numa perspectiva evangelizadora, mostrando um grande amor pelo anúncio e testemunho do Evangelho.

A Igreja “existe para evangelizar”, isto é, para anunciar a Boa Notícia do Reino, proclamado e realizado em Jesus Cristo (cf. EN 14): é sua graça e vocação própria. O centro do primeiro anúncio é a pessoa de Jesus, proclamando o Reino como uma nova e definitiva intervenção de Deus que salva com um poder superior àquele que utilizou na criação do mundo. Esta salvação “é o grande dom de Deus, libertação de tudo aquilo que oprime a pessoa humana, sobretudo do pecado e do Maligno, na alegria de conhecer a Deus e ser por Ele conhecido, de O ver e se entregar a Ele” (EN 9).

Sendo o anúncio de Jesus Cristo o primeiro momento da ação evangelizadora, a catequese é o seu segundo e importante momento, dando-lhe continuidade. Sua finalidade é aprofundar e amadurecer a fé, educando o convertido e incorporando-o à comunidade cristã. A catequese sempre supõe a evangelização. Por sua vez, à catequese segue-se o terceiro momento: a ação pastoral para os fiéis já iniciados à fé, no seio da comunidade cristã (cf. DGC 49) através da formação continuada ou permanente.  

Contudo, toda catequese e ação evangelizadora devem estar impregnadas do ardor missionário, visando à adesão sempre mais plena a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Toda atividade eclesial, de modo especial a catequese, deve traduzir a paixão e a mística missionária que animavam os primeiros cristãos. A catequese exige conversão interior e contínuo retorno ao núcleo do Evangelho, ou seja, ao mistério de Jesus Cristo em sua Páscoa, vivida e celebrada continuamente na Liturgia. Sem isso, ela deixa de produzir os frutos desejados. Toda e qualquer ação da Igreja deve incluir a retomada sempre mais profunda e abrangente do encontro e seguimento de Jesus Cristo (cf. DAp, 29) e o compromisso com o seu projeto missionário.

As novas Diretrizes Gerais (2011-2015) afirmam que “o estado permanente de missão só é possível a partir de uma efetiva iniciação à vida cristã” (DGAE, 39). Por isso, nos últimos anos, tem-se insistido na iniciação à vida cristã, procurando de fato favorecer no catequizando um verdadeiro encontro pessoal com Jesus Cristo. Em nossa formação continuada de catequistas, não podemos esquecer a urgência de uma verdadeira iniciação cristã em nossas comunidades.

Pe Jânison de Sá Santos - Doutor em Sagrada Teologia, com ênfase em Catequese e Pastoral Juvenil e membro do Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética (GREBICAT) CNBB. 

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