domingo, 6 de fevereiro de 2011

Quem tem vontade de voar não pode se permitir a rastejar
Eu sempre quis voar. Sonhei e sonho alto. Sempre quis uma catequese madura, diferente, autêntica, moderna, alegre, enriquecedora, com frutos. Sempre sonho alto quando o assunto é a catequese. Nunca quis ser apenas mais um, dentre milhares de voluntários e leigos, que se acomodam e dizem “Sempre foi assim, porque mudar?”
 Eu nunca me permiti rastejar, sempre quis voar. Nunca me conformei com uma catequese sem graça e triste, com crianças e jovens abatidos, catequistas desanimados, pais desinteressados e celebrações vazias.
Desde o primeiro momento em que pisei numa sala para dar o meu primeiro encontro de catequese, encarei aquilo como uma oportunidade ímpar de mudar o mundo. Lutei e sonhei, ainda sonho e luto, por uma evangelização melhor. Mais dinâmica e comunicativa.
         Não me fiz de rogado e quis inovar, sair do marasmo, da mesmice desde o primeiro instante. “A catequese merece vôos mais altos e não permite rastejos”.
Mesmo atrapalhado, sem experiência e com deficiências na formação, fui adiante sem medo. Eu já falava mais alto. Precisava que me ouvissem. A catequese não pode ser surda e nem muda. Precisa ser clara. O catequista precisa ser ouvido. Eu já olhava para todos os lados. Queria que me olhassem também. A catequese não pode ser um vôo cego, sem planejamento.
         Claro que este entusiasmo inicial não foi tão tranqüilo. Esbarrou, em muitos momentos, numa igreja milenar que não muda as coisas de uma hora para outra. Esta tentativa de mudança deu de cara com uma estrutura consolidada. É difícil mudar algo que já caminha há muito tempo numa mesma direção. Não seria diferente comigo.
         Encontrei, dia desses, a irmã que coordenava a catequese na minha paróquia na época que iniciei como catequista. Estávamos juntos num encontro diocesano de coordenadores da catequese. Fazia muito tempo que não nos falávamos.      Emocionamo-nos com o encontro e recordamos muitas situações do passado. A irmã, quando coordenadora, não gostava do meu jeito. Cuidava-me muito. Achava que eu extrapolava nas minhas inovações. Eu também não gostava do jeito dela. Achava-a quadrada, antiquada, sem graça, conservadora. Não nos dávamos bem.
         Mas o tempo fez que nos conhecêssemos melhor. Ela entendeu minhas propostas e meus desejos de uma catequese diferente. Eu acabei entendendo a maneira de ser dela. E caminhamos juntos até a sua saída da coordenação por motivos particulares. E ficamos amigos para sempre, pois a vontade que eu tinha de voar alto passou a ser a vontade dela também. Chegamos a conclusão que se desejamos mudanças precisamos de ousadia, coragem, força de vontade, vôos e não rastejo.
         Sempre quero voar mais alto. Não quero permitir-me a rastejar. A catequese precisa desta possibilidade. Precisa alcançar as alturas e, ao mesmo tempo, dar vôos rasantes. Precisa de emoção, da nossa emoção, do nosso compromisso e da nossa vontade de querer mais.
         “Não me esperem para colheita, pois estarei semeando”, diz uma frase que vi em algum lugar que não lembro onde. Estou sempre semeando. Quero é vôos mais altos, não posso e nem quero rastejar, quando o assunto for catequese.
         Um mundo melhor passa pela nossa ousadia. Queira algo diferente, lute, brigue se for necessário, mas não se conforme com a mesmice. Aprenda, ensine, busque, queira, permita-se, fale alto, sonhe, voe, sinta, emocione-se, reze. A catequese precisa de movimento.

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